Esta semana o Deputado Federal  Jean Willys, eleito pelo pelo PSOL do Rio de Janeiro, fez seu primeiro pronunciamento na tribuna da Câmara de Deputados (clique aqui para ver o vídeo). Como era de se esperar, um dos destaques do discurso do Parlamentar, que é homossexual assumido, foram as palavras voltadas para a sua luta pelos direitos LGBT’s e contra a homofobia. Como era esperado também, as reações ao seu discurso foram imediatas, repercutindo na mídia e nas redes sociais. Após o discurso, Jean Willys concedeu entrevista a alguns jornais (veja exemplo aqui e aqui) reforçando as idéias e compromissos que nortearão a sua legislatura. Uma coisa que me chamou a atenção nas palavras do Deputado, foi quando relatou a tentativa de alguns veículos de comunicação de “colar” em sua personalidade pública o rótulo de ex-participante do Programa Big Brother Brasil de uma forma pejorativa (veja um exemplo aqui).

 

Esta semana também, o Senador Magno Malta (PR/ES) em uma entrevista sobre o PLC 122 que voltou a tramitar no Congresso Nacional (saiba mais aqui), disse que “criminalizar a homofobia será a legalização da pedofilia” (veja aqui). Não é a primeira vez que o Parlamentar tenta vincular a homossexualidade e a luta dos LGBT’s por direitos civis a crimes como a pedofilia e a outras práticas moralmente reprováveis.

Em ambos os casos o que podemos notar é uma clara tentativa de desqualificar o debate em torno do PLC 122 e outras lutas dos homossexuais pelos seus direitos. Ao tentar vincular a imagem de Jean Willys ao BBB, a grande mídia se aproveita de um momento em que existe forte rejeição popular ao programa para assim criar uma rejeição às idéias do Deputado. O tiro sai pela culatra porque Jean já disse inúmeras vezes que o fato de ter participado do programa não o envergonha. Ao contrário, sua participação é motivo de orgulho pois foi através do programa que conseguiu mostrar sua cara e suas idéias ao país inteiro. Jornalista, escritor e professor universitário, incomoda-lhe sim quando tentam reduzir-lhe a isto: um ex-BBB.

O caso de Magno Malta é ainda mais grave. Ao criar a ligação entre homossexualidade e pedofilia o Senador tenta usar a grande repulsa popular a este crime e a  exposição que seu combate vem recebendo na mídia para assim tentar jogar parte da opinião pública contra o projeto de lei. O Senador é evangélico e alega que seu discurso é pautado por valores “cristãos”. Seus atos porém, vão além de defender um ponto de vista religioso. Magno Malta age de má-fé ao fazer uso dessa tática rasteira, pois como membro da recentemente encerrada CPI da Pedofilia sabe que estas afirmações não condizem com a realidade: a prática desse tipo de crime não tem nenhuma relação direta com a orientação sexual do indivíduo que o comete, isso sem contar que a grande maioria dos casos de pedofilia denunciados e noticiados pela mídia são cometidos por heterossexuais. É triste e vergonhoso ver um parlamentar se utilizando desse tipo de recurso para desviar o foco da discussão de um problema real que atinge a tantas pessoas.